Parte Três
Crianças estranhas
Algumas crianças realmente me perguntam por que eu ando
tanto com “o esquisito”. Esse
pessoal nem o conhece direito. Se conhecesse, não o chamaria
assim.
— Porque ele é legal! — respondo sempre. — E não fale assim
dele.
— Você é uma santa, Summer — disse a Ximena Chin outro dia.
— Eu não conseguiria
fazer o que você está fazendo.
— Não é nada de mais — respondi, sendo sincera.
— O Sr. Buzanfa pediu que você ficasse amiga dele? —
perguntou a Charlotte Cody.
— Não. Sou amiga dele porque quero.
Quem diria que o fato de eu me sentar com o August Pullman
no almoço teria tanta
repercussão? As pessoas agem como se essa fosse a coisa mais
esquisita do mundo. É
estranho como as crianças podem ser estranhas.
Sentei com ele naquele primeiro dia porque tive pena. Só
isso. Lá estava ele, aquele menino
de aparência diferente, em uma escola nova. Ninguém falava
com ele. Todo mundo ficava
olhando. Todas as meninas da minha mesa cochichavam sobre
ele. Ele não era o único aluno
novo na Beecher Prep, mas era o único sobre quem todos estavam
falando.
“Você já viu o garoto zumbi?”
Coisas desse tipo correm depressa. E o August sabe disso. Já
é bem difícil ser um aluno
novo quando se tem um rosto normal. Imagine com o rosto
dele!
Então simplesmente fui até lá e me sentei. Nada de mais.
Queria que as pessoas parassem de
tentar fazer parecer grande coisa.
Ele é só um garoto. O garoto mais estranho que já vi, é
verdade. Mas só um garoto.
A praga
Admito que demora um pouco para a gente se acostumar com o
rosto do August. Eu já me
sento com ele há duas semanas, e digamos apenas que ele não
come da maneira mais limpinha
do mundo. Mas, apesar disso, ele é muito legal. Também devo
dizer que não sinto mais pena.
Essa pode ter sido a razão que me fez sentar perto dele na
primeira vez, mas não é por isso
que continuo. Almoço com o August porque ele é divertido.
Uma das coisas de que não estou gostando este ano é que
algumas crianças estão agindo
como se fossem velhas demais para brincar. Tudo o que querem
fazer no recreio é “passar o
tempo” e “conversar”. E agora só falam de quem gosta de
quem, quem é bonito e quem não é.
O August não liga para essas coisas. Ele gosta de jogar bola
no recreio, que nem eu.
Foi justamente por jogar bola com o August que descobri
sobre a praga. Parece que um
“jogo” está rolando desde o início do ano. Qualquer um que
encoste nele por acidente tem
apenas trinta segundos para lavar as mãos ou passar um
antisséptico antes de pegar a praga.
Não tenho certeza do que acontece se alguém realmente pega a
praga porque ninguém encostou
nele ainda — não diretamente.
Descobri isso quando a Maya Markowitz disse que não jogava
bola com a gente no recreio
porque não queria pegar a praga.
— Que praga? — perguntei, e ela me contou.
Falei para a Maya que aquilo era uma grande bobagem e ela
concordou. Mas, mesmo assim,
não tocaria em uma bola em que August tivesse acabado de pôr
as mãos, não se pudesse
evitar.
A festa de Halloween
Eu estava muito animada porque tinha sido convidada para a
festa de Halloween da Savanna.
Ela provavelmente é a garota mais popular da escola. Todos
os caras gostam dela. Todas as
meninas querem ser suas amigas. Foi a primeira do quinto ano
a ter um “namorado” de
verdade. Era um garoto de outra escola, mas eles terminaram
e ela começou a sair com Henry
Joplin, o que faz sentido, porque os dois parecem muito que
já são adolescentes.
Embora eu não seja da turma “popular”, fui convidada por
algum motivo, o que é muito
legal. Quando falei com a Savanna que tinha recebido o
convite e iria à festa, ela foi muito
gentil, mas fez questão de me avisar que não tinha chamado
muitas pessoas, então eu não devia
sair por aí me gabando por ter sido convidada. A Maya, por
exemplo, não foi. Também fez
questão de falar que não era para usar fantasia. Foi bom,
porque é claro que eu me fantasiaria
para ir a uma festa de Halloween — não com a fantasia de
unicórnio que fiz para o desfile,
mas com a roupa de gótica que tinha usado na escola. Mas nem
isso eu poderia usar na festa
de Savanna. O único ponto negativo no fato de ter sido
convidada é que agora não poderia ir
ao desfile de Halloween, e a fantasia de unicórnio seria
desperdiçada. Fiquei meio triste com
isso, mas tudo bem.
A primeira coisa que aconteceu quando cheguei à festa foi
que a Savanna me recebeu na
porta e perguntou:
— Cadê seu namorado, Summer?
Eu não tinha a menor ideia do que ela estava falando.
— Acho que ele não precisa usar máscara no Halloween, não é?
— acrescentou ela.
Então entendi que ela estava falando do August.
— Ele não é meu namorado — respondi.
— Eu sei. Estou só brincando!
Ela me deu um beijo no rosto (todas as meninas do grupinho
se beijavam no rosto sempre
que se encontravam) e jogou meu casaco em um cabideiro na
entrada. Então pegou minha mão
e me levou escada abaixo, até o porão, onde estava
acontecendo a festa. Não vi os pais dela
em lugar nenhum.
Havia umas quinze crianças lá: todas populares, do grupo da
Savanna ou do Julian. Acho
que os dois grupos meio que se juntaram em um grande grupo
dos populares, agora que alguns
deles tinham começado a namorar.
Eu nem sabia que havia tantos casais. Quer dizer, sabia da
Savanna e do Henry, mas Ximena
e Miles? E Ellie e Amos? A Ellie é quase tão reta quanto eu.
Cinco minutos depois que cheguei, Henry e Savanna estavam ao
meu lado, praticamente em
cima de mim.
— Então, queremos saber por que você anda tanto com o garoto
zumbi — disse o Henry.
— Ele não é um zumbi — falei, rindo, como se aquilo fosse
uma piada.
Eu estava sorrindo, mas não me sentia feliz.
— Sabe, Summer — começou a Savanna —, você seria bem mais
popular se não andasse
com ele. Vou ser sincera: o Julian gosta de você. Ele quer
convidar você para sair.
— Quer?
— Você acha ele bonito?
— Hum... acho que sim. É, ele é bonito.
— Então tem que escolher com quem quer andar — disse a
Savanna. Ela falava comigo
como uma irmã mais velha faria com uma criancinha. — Todo
mundo gosta de você, Summer.
Todos acham você legal e muito, muito bonita. Você com
certeza poderia andar com a gente se
quisesse e, pode acreditar em mim, um monte de meninas do
quinto ano adoraria isso.
— Eu sei — falei, assentindo. — Obrigada.
— De nada. Quer que eu diga ao Julian para vir falar com
você?
Olhei para onde ela estava apontando e vi o Julian nos
observar.
— Hum... Na verdade preciso ir ao banheiro. Onde fica?
Fui para onde ela indicou, sentei na beirada da banheira,
liguei para minha mãe e pedi que
fosse me buscar.
— Está tudo bem? — perguntou mamãe.
— Sim, só não quero mais ficar aqui — falei.
A mamãe não fez mais perguntas e disse que chegaria em dez
minutos.
— Não toque a campainha — pedi. — Só me ligue quando chegar.
Fiquei no banheiro até minha mãe ligar, então subi as
escadas sem que ninguém visse,
peguei meu casaco e saí.
Eram só nove e meia da noite. O desfile de Halloween estava
arrebentando na Amesfort
Avenue. Toda a região estava lotada. Todo mundo fantasiado.
Esqueletos. Piratas. Princesas.
Vampiros. Super-heróis.
Mas nenhum unicórnio.
Novembro
No dia seguinte, falei para a Savanna que tinha comido um
doce estragado no Halloween e
passado mal, por isso havia saído mais cedo da festa, e ela
acreditou. Havia mesmo uma
virose rolando, então foi uma boa mentira.
Também disse a ela que gostava de outra pessoa, e não do
Julian, para que ela me deixasse
em paz com relação a isso e dissesse a ele que eu não estava
interessada. É claro que ela quis
saber de quem eu gostava, mas falei que era segredo.
O August faltou à aula no dia seguinte ao Halloween e, quando
voltou, notei que algo tinha
acontecido.
Ele estava agindo de um modo tão estranho no almoço! Não
falou praticamente nada e
ficava olhando para a comida enquanto eu conversava com ele.
Como se não quisesse me
encarar.
Por fim, perguntei:
— Auggie, está tudo bem? Você está chateado comigo?
— Não.
— Uma pena você não ter se sentido bem no Halloween. Fiquei
procurando por um Boba
Fett nos corredores.
— É, eu passei mal.
— Pegou aquela virose?
— Acho que sim.
Ele abriu um livro e começou a ler, o que foi meio
grosseiro.
— Estou tão empolgada com o projeto do Museu Egípcio... —
falei. — Você não está?
Ele fez que não com a cabeça, ainda mastigando. Desviei o
olhar. Pelo modo como ele
estava comendo, quase como se estivesse sendo mal-educado de
propósito, e o modo como
seus olhos estavam meio fechados, havia uma energia muito
negativa vindo dele.
— Qual vai ser o seu projeto? — perguntei.
Ele deu de ombros, puxou um pequeno pedaço de papel do bolso
da calça jeans e me
entregou por cima da mesa.
Todos os alunos do quinto ano receberam a tarefa de criar
uma peça para o Dia do Museu
Egípcio, que aconteceria em dezembro. Os professores
escreveram os temas em papeizinhos,
depois os puseram em um pote e em seguida pediram que cada
aluno pegasse um.
Desdobrei o papel do Auggie.
— Ah, que legal! — falei, talvez um pouco empolgada demais,
porque estava tentando
chamar a atenção dele. — Você pegou a pirâmide de degraus de
Saqqara!
— Eu sei! — disse ele.
— Peguei Anúbis, o deus da vida após a morte.
— Aquele que tem cabeça de cachorro?
— Na verdade, é cabeça de chacal — eu o corrigi. — Ei, quer
começar a fazer o projeto
comigo depois da aula? Você pode ir para minha casa.
O August pousou o sanduíche e se recostou na cadeira. Não
consigo nem descrever o olhar
dele.
— Sabe, Summer, você não precisa fazer isso.
— Do que você está falando?
— Não precisa ser minha amiga. Sei que o Sr. Buzanfa falou
com você.
— Não tenho a menor ideia do que você está falando.
— O que estou dizendo é que você não precisa fingir. Sei que
o Sr. Buzanfa conversou com
alguns alunos antes do início das aulas e lhes disse para
serem meus amigos.
— Ele não falou comigo, August.
— Falou, sim.
— Não falou nada.
— Falou.
— Não falou! Juro pela minha vida!
Ergui as mãos para que ele visse que eu não estava cruzando
os dedos. Na mesma hora ele
olhou para baixo, então tirei os sapatos para mostrar que os
dedos dos pés também não
estavam cruzados.
— Você está de meia-calça — disse o August, em tom acusador.
— Dá para ver mesmo assim! — gritei.
— Tudo bem, não precisa berrar.
— Não gosto de ser acusada, tá?
— Tá. Sinto muito.
— Tem que sentir mesmo.
— Ele não falou com você, de verdade?
— Auggie!
— Certo, certo. Sinto muito mesmo.
Eu teria ficado zangada com ele por mais tempo, mas o August
me contou uma coisa ruim
que tinha acontecido no dia do Halloween e não consegui mais
ficar chateada. Basicamente,
ele tinha ouvido Jack falando mal dele, dizendo coisas
horríveis pelas costas. Isso meio que
explicava por que ele estava agindo daquele jeito, e agora
eu sabia por que ele tinha ficado
“doente”.
— Prometa que não vai contar a ninguém.
— Não vou. — Assenti. — Promete que nunca mais vai ser
malvado comigo desse jeito?
— Prometo — respondeu ele, e cruzamos nossos dedos
mindinhos.
Alerta: esse garoto é perigoso
Eu tinha avisado à mamãe sobre o August. Havia descrito como
ele era. Fiz isso porque sabia
que ela nem sempre era muito boa em esconder seus
sentimentos, e o August iria lá em casa
pela primeira vez naquele dia. Até mandei uma mensagem
enquanto ela estava no trabalho,
para lembrá-la. Mas, quando minha mãe chegou, pude ver em
sua expressão que não havia
sido o suficiente. Ela ficou chocada quando entrou e o viu
pela primeira vez.
— Oi, mãe. Este é o Auggie. Ele pode ficar para jantar? —
perguntei depressa.
Levou um segundo para que ela ao menos registrasse minha
pergunta.
— Oi, Auggie — cumprimentou ela. — Hum, claro, querida. Se a
mãe dele não se importar.
Enquanto o Auggie ligava para casa pelo celular, sussurrei
para a mamãe:
— Pare de fazer essa cara de espanto!
Estava com a cara de quando está assistindo ao jornal e algo
terrível aparece. Ela assentiu
depressa, como se não tivesse percebido que estava fazendo
aquilo. Depois disso foi muito
legal e normal com o Auggie.
Passado algum tempo, a gente se cansou de trabalhar nos
projetos e foi para a sala de estar.
O Auggie estava olhando os porta-retratos na lareira e viu
uma foto minha com o papai.
— Esse é seu pai?
— É.
— Eu não sabia que você era... qual é a palavra?
— Mestiça.
— Isso! É isso mesmo.
— Sou.
Ele voltou a olhar para a foto.
— Seus pais são separados? Nunca vi vocês dois na saída nem
nada.
— Ah, não — falei. — Ele era sargento do Exército. Morreu há
alguns anos.
— Puxa! Eu não sabia.
— É.
Assenti, mostrando para ele uma foto do meu pai com
uniforme.
— Nossa, veja só todas essas medalhas.
— É. Ele era bem incrível.
— Uau, Summer. Sinto muito.
— É, é uma droga. Eu sinto muita falta dele.
— É, puxa.
Ele assentiu também, devolvendo a foto para mim.
— Alguém que você conhecia já morreu? — perguntei.
— Só minha avó, mas eu nem me lembro direito dela.
— Que triste...
O Auggie fez que sim com a cabeça.
— Você às vezes se pergunta o que acontece com as pessoas
quando elas morrem?
Ele encolheu os ombros.
— Na verdade, não. Quer dizer, elas não vão para o céu?
Minha avó foi para lá.
— Eu penso muito nisso — falei. — Acho que quando as pessoas
morrem a alma vai para o
céu, mas só por um tempinho. Tipo, é lá que elas reencontram
os amigos e falam sobre os
velhos tempos. Então acho que as almas começam a pensar na
vida que tiveram na Terra, tipo,
se foram boas ou más, e coisas assim. Então nascem de novo
como bebezinhos.
— Por que elas iriam querer fazer isso?
— Porque assim teriam outra chance de fazer tudo certo —
respondi. — As almas têm uma
chance de consertar as coisas.
Ele pensou e assentiu.
— Meio como quando você faz uma segunda chamada de prova —
comentou.
— Isso.
— Mas elas não voltam iguais. Quer dizer, nascem
completamente diferentes do que eram
antes, certo?
— Ah, sim — garanti. — A alma continua a mesma, mas todo o
resto é diferente.
— Gostei disso — falou, balançando a cabeça várias vezes. —
Gostei mesmo, Summer.
Significa que na minha próxima vida não vou continuar preso
a esse rosto.
Ao falar, apontou para o próprio rosto e deu uma piscadela,
o que me fez rir.
— Acho que não.
Encolhi os ombros.
— Ei, posso até ser bonito! — disse ele, com um sorriso. —
Seria ótimo, não seria? Eu
poderia voltar e ser um cara bonitão, sarado e alto.
Ri de novo. Ele era tão bem-humorado com relação a si mesmo.
Essa era uma das coisas
que eu mais gostava no Auggie.
— Auggie, posso lhe fazer uma pergunta?
— Pode — disse ele, como se soubesse exatamente o que eu
iria perguntar.
Hesitei. Já fazia um tempo que queria perguntar aquilo, mas
nunca tinha coragem.
— O que é? — disse ele. — Você quer saber qual é o problema
do meu rosto?
— É, acho que sim. Se não tiver problema perguntar.
Ele deu de ombros. Fiquei muito aliviada por não parecer
chateado nem triste.
— Tudo bem, não é nada de mais — falou em tom casual. — O
meu principal problema é
uma coisa chamada di-os-to-se bu-co-ma-xi-lo-fa-ci-al, que,
aliás, levei uma eternidade para
aprender a falar. Mas também tenho outra síndrome que eu nem
consigo pronunciar. E essas
coisas meio que se juntaram em uma grande supercoisa, tão
rara que nem tem nome. Quer
dizer, não quero me gabar nem nada, mas sou considerado um
tipo de milagre da medicina,
sabe?
Ele sorriu.
— Foi uma piada — falou. — Pode rir.
Sorri e balancei a cabeça.
— Você é divertido, Auggie.
— É, eu sou — devolveu ele, orgulhoso. — Sou superbacana.
A tumba egípcia
Durante o mês seguinte o August e eu nos encontramos várias
vezes depois da aula, tanto na
casa dele quanto na minha. Os pais do August até convidaram
mamãe e eu para jantar algumas
vezes. Eu os ouvi falando de arranjar um encontro entre
minha mãe e o tio do August, Ben.
No dia da exposição do Museu Egípcio, estávamos todos muito
agitados e animados. Tinha
nevado na véspera — não tanto quanto no feriado de Ação de
Graças, mas ainda assim, neve é
neve.
O ginásio foi transformado em um museu gigante, com os
artefatos egípcios de todo mundo
dispostos em uma mesa com cartõezinhos explicativos. A maioria
dos trabalhos estava muito
boa, mas tenho que admitir que acho que o meu e o do August
eram os melhores, de verdade.
Minha escultura de Anúbis parecia bem realista, e eu tinha
até usado tinta dourada de verdade.
A pirâmide de degraus do August era feita de cubos de açúcar
e tinha sessenta centímetros de
largura e sessenta de altura. Ele tinha pintado os cubos com
uma tinta cor de areia. Estava
incrível.
Todos usamos fantasias egípcias. Algumas crianças estavam
com roupa de arqueólogo, tipo
o Indiana Jones. Outras se vestiam como faraós. August e eu
estávamos de múmia, com o rosto
coberto, exceto por dois buraquinhos para os olhos e um para
a boca.
Quando os pais chegaram fizeram fila no corredor em frente
ao ginásio. Então fomos
autorizados a ir até eles e guiá-los em um passeio pelo
ginásio escuro, com a ajuda de
lanternas. August e eu levamos nossas mães juntos. Parávamos
diante de cada objeto e, aos
sussurros, explicávamos o que era aquilo e respondíamos às
perguntas. Como estava escuro,
usávamos nossas lanternas para iluminar o objeto enquanto
falávamos. Às vezes, para dar um
efeito dramático, a gente iluminava o rosto de baixo para
cima enquanto narrava algo
detalhadamente. Foi tão divertido ouvir todos aqueles
sussurros no escuro, ver as luzes
ziguezagueando pelo lugar.
Em determinado momento, fui até o bebedouro. Tive que tirar
a faixa de múmia do rosto
para beber água.
— Ei, Summer — disse o Jack, aproximando-se para falar
comigo. Ele estava vestido como
aquele cara do filme A múmia. — Fantasia legal.
— Obrigada.
— A outra múmia é o August?
— É.
— Hum... você sabe por que ele está chateado comigo?
— Sei — murmurei, assentindo.
— Pode me dizer?
— Não.
Ele balançou a cabeça. Parecia desapontado.
— Prometi a ele que não falaria nada — expliquei.
— É tão estranho! Não tenho a menor ideia de por que ele
ficou chateado de repente.
Nenhuma. Você pode pelo menos me dar uma pista?
Olhei para o outro lado do ginásio, onde o August conversava
com nossas mães. Eu não ia
quebrar minha promessa de não contar a ninguém o que ele
tinha ouvido, mas fiquei com pena
do Jack.
— Pânico — sussurrei no ouvido dele e fui embora.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Atenção: para postar um comentário, escolha Nome/Url. Se quiser insira somente seu nome.
Please, no spoilers!
Expresse-se:
(◕‿◕✿) 。◕‿◕。 ●▽●
⊱✿◕‿◕✿⊰(◡‿◡✿)(◕〝◕) ◑▂◐ ◑0◐
◑︿◐ ◑ω◐ ◑﹏◐ ◑△◐ ◑▽◐ ●▂●
●0● ●︿● ●ω● ●﹏● ●△● ●▽●