Capítulo 15

Eu não deveria ter vindo aqui.
Falta muito tempo para a banda ficar pronta e eu fico sozinha o tempo todo.
Eu não trouxe o meu celular, então eu não posso ligar para Lindsey. O clube é
frio e nada amigável. Limpei o sangue do meu braço no banheiro, mas foi só um
arranhão. Estou inquieta. E me sinto estúpida. Meus pais vão ficar furiosos, Norah
ainda vai estar em minha casa, e os gêmeos serão testemunhas de outro ato
insensato. A memória de suas expressões é quase demais para suportar: O
desprezo de Calíope, a dor de Cricket, o choque dos meus pais.
Estou em tantos problemas.
Como sempre, minha mente retorna de novo e de novo para Cricket Bell.
Muir Woods parece que foi há muito tempo. Eu me lembro o que eu senti, mas
eu não posso me lembrar como.
— Lola?
O QUE É ISSO? QUEM ESTA AQUI? Quem os meus pais enviaram? Eu
estou quase surpresa de que eles mesmos não apareceram.
— Nós pensamos que era você. — É Anna.
— Difícil dizer, às vezes. — E St. Clair.
Eles estão de mãos dadas e sorrindo, e eu estou tão aliviada que eu caio para
trás contra a parede de tijolos do clube. — Obrigado Deus, são vocês.
— Você está bêbada? — ela pergunta.
Eu me endireito e levanto meu queixo. — NÃO. O que vocês estão fazendo
aqui?
— Estamos aqui para ver banda de Max — St Clair diz lentamente.
— Desde que você nos convidou? Na semana passada? Se
lembra? — Anna responde diante a minha confusão.
Eu não me lembro. Eu estava tão preocupada com a turnê de Max e a
viagem de um dia com Cricket que eu poderia ter convidado o editor da Teen e
ter esquecido. — Claro. Obrigado por vir — eu digo distraidamente.
Eles não compram isso. E acabo derramando outra história particular para
eles: A história do nascimento de meus pais. Anna agarra a banana em seu colar,
como se o pingente minúsculo fosse um talismã. — Sinto muito, Lola. Eu não
tinha idéia.
— Muitas pessoas não têm.
— Então Cricket estava com você quando você a encontrou na sua varanda?
— St. Clair pergunta
Sua pergunta atrai toda a minha atenção. Eu propositalmente tinha deixado
Cricket fora da história. Eu estreito meus olhos. — Como você sabia disso?
St. Clair encolhe os ombros, mas ele parece culpado. Como se ele disse algo
que não deveria ter dito. — Ele mencionou algo sobre uma viagem com você.
Isso é tudo.Ele sabe. St. Clair sabe que Cricket gosta de mim. Eu me pergunto se eles já
se falaram esta tarde, se St. Clair já sabe o que aconteceu com minha mãe. —
Eu não acredito nisso — eu digo.
— Perdão? — ele diz.
— Cricket te disse. Ele disse a você sobre tudo isso, sobre a minha mãe. — A
raiva cresce dentro de mim novamente. — É por isso que você está aqui? Ele
mandou você para me checar?
O semblante de St. Clair endurece. — Eu não tenho falado com ele há dois
dias. Você convidou Anna e eu, então nós viemos. Obrigado.
Ele está dizendo a verdade, mas minha paciência já está
fervendo. Anna agarra meu braço e me leva para frente. — Ar fresco — ela
diz. — Ar fresco seria bom.
Eu a empurro e me sinto terrível ao ver sua expressão ferida. — Eu sinto
muito. — Eu não posso olhar para qualquer um deles. — Você está certa. Eu vou
sozinha.
— Você tem certeza? — Mas ela parece aliviada.
— Yeah. Eu estarei de volta. Desculpe — eu murmuro
novamente. Eu gasto míseros quinze minutos lá fora. Quando eu volto, o clube
está lotado. Quase não há lugar para ficar de pé. Anna tinha roubado um
banquinho de madeira de um dos poucos assentos daqui. St. Clair está perto dela,
de frente para ela, e ele alisa a faixa de platina em seu cabelo. Ela o puxa para
ainda mais perto pela parte superior de seus jeans, um dedo enfiado dentro. É um
gesto íntimo. Eu tenho vergonha de assistir, mas eu não consigo desviar o olhar.
Ele a beija lenta e profundamente. Eles não se importam que qualquer um
possa assistir. Ou talvez eles tenham esquecido que eles não estão sozinhos.
Quando eles se separam, Anna diz algo que o faz cair na boba gargalhada de
menino. Por alguma razão, esse é o momento que me faz virar. Algo sobre o
amor deles é doloroso.
Dirijo-me em direção ao bar para pegar uma garrafa de água, mas Anna me
chama novamente. Eu volto, me sentindo
irracionalmente preocupada que eles estão aqui.
— Melhor? — St. Clair pergunta, mas não de uma forma mal intencionado.
Ele parece preocupado.
— Yeah. Obrigado. Desculpe por tudo isso.
— Não tem problema. — E eu acho que nós estamos deixando
por isso mesmo, quando ele acrescenta: — Eu entendo como é se
envergonhar de um pai. Meu pai não é um bom homem. Eu não falo sobre ele
também. Obrigado por confiar em nós.
Seu tom sério me assusta, e eu estou comovida por esse raro vislumbre de sua
vida. Anna aperta sua mão e muda o assunto. —Eu estou ansiosa com isso. — Ela
balança a cabeça em direção a banda no palco. A guitarra de Max está maisbaixa enquanto ele ajusta algo em seu amplificador. Eles estão prestes a
começar. — Você vai nos apresentar a ele mais tarde, certo?
Max tem estado ocupado demais para sair e dizer Olá. Eu me sinto mal sobre
isso. Eu me sinto mal a respeito de tudo esta noite. — É claro. Eu prometo.
— Você se esqueceu de mencionar que ele é muito mais alto do que nós.
Havia preocupação em sua voz.
St. Clair, de volta a si mesmo, está claramente pronto para dar uma resposta
maliciosa, e eu estou satisfeita que o momento em que ele abre a boca é o
mesmo momento em que Amphetamine explode. Suas palavras - todas as
palavras exceto a do meu namorado - se perderam. A intensidade de radiação de
Max espelha o que eu sinto queimando dentro de mim mesma. Suas letras são,
por sua vez, terna e doce, mordaz e cruel. Ele canta sobre se apaixonar, terminar
e fugir, e não é nada que já não foi cantado antes, mas é o jeito que ele canta.
Cada palavra é saturada de verdade amarga.
Johnny e Craig impulsionam um ritmo agressivo, e Max ataca sua guitarra
com uma ferocidade sem precedentes. As canções se convertem em algo
abertamente malicioso como a multidão que estava reunida desconfiara e
quando chega à hora do numero acústico, sua habitual introspecção se voltou
agressiva e cínica. Seus olhos cor de âmbar se encontraram com o meu através
da habitação, me enchendo com sua atitude viciosa. Eu sei que é errado, mas ele
só me faz querer mais dele. A multidão está febril e delirante. É a melhor
performance que ele já deu.
E é para mim.
Quando acaba, eu me viro para meus amigos para ver sua reação. Anna e St.
Clair parecem chocados. Impressionados, mas... Definitivamente chocados.
— Ele é bom, Lola. Ele é realmente bom — Anna diz, finalmente.
— Será que ele já considerou terapia? — St. Clair pergunta, e
Anna lhe cotovela nas costelas. — Ow. — Eu o encaro, e ele encolhe os
ombros.
— Foi incrível — ele continua. — Eu estou apenas apontando a presença de
uma raiva solta.
— Como você...
— Eu preciso ir ao banheiro — Anna diz. — Por favor, não mate o meu
namorado enquanto eu estiver fora. E não saia até que
eu tenha conhecido Max! Ele está tecendo seu caminho em direção a nós
agora. As pessoas estão batendo nas suas costas e tentando envolvê-lo em uma
conversa, mas os olhos de Max estão só nos meus enquanto ele passa por eles.
Meu coração bate mais rápido. As raízes escuras de seu cabelo descolorido e sua
camiseta preta estão suando. Eu me lembro da noite em que nos conhecemos, e
há um surto dentro de mim que é quase animalesco.
Max endurece quando ele chega para um abraço. Ele notou St. Clair. Suamandíbula se tenciona enquanto ele o analisa, mas St. Clair se apresenta em uma
introdução fácil. — Etienne St. Clair.
Minha namorada Anna — ele aponta para sua namorada que já havia saído
— nós trabalhamos com Lola no teatro. Você deve ser Max.
Meu namorado relaxa. — Certo. — Ele aperta a mão estendida de St. Clair, e
depois ele já está me puxando para fora.
— Vamos lá. Vamos sair daqui.
Max. Sim, eu quero estar com máx.
— Obrigado por terem vindo. Diga adeus Anna para mim, ok?
St. Clair parece chateado. — Yeah. Claro.
Max me leva até sua van. Ele abre a porta, e eu estou surpresa em descobrir
que ela ainda esta vazia. Entramos. — A próxima banda está usando a bateria de
Johnny. Pedi aos caras para esperar alguns minutos antes de carregar o resto. —
Eu fecho a porta, e nós estamos em cima um do outro. Eu quero esquecer tudo.
Eu o beijo forte. Ele pressiona com mais força. Isso não demorou muito.
Estamos em colapso. Eu fecho meus olhos. Minha cabeça ainda está pulsando
com o som de sua música. Eu ouço o toque do isqueiro de Max, mas o cheiro que
eu sinto não é fumaça de cigarro. É doce e pegajoso. Ele me cutuca numa oferta
silenciosa.
Eu me recuso. O contato é o suficiente.
Max me deixa em torno das duas da manhã. Eu esqueço a minha peruca em
sua van. Eu me sinto um desastre. Mais uma vez, estou atormentada com culpa,
raiva e confusão. Eu me arrasto para dentro, e meus pais estão lá, como se
estivessem esperando na porta desde que saí. Eles provavelmente tinham.
Preparo-me para sua ira.
Ela não vem.
— Graças a Deus. — Andy cumprimenta em nosso chaise longue.
Meus pais estão ambos à beira das lágrimas, o que me faz chorar pela
centésima vez hoje, enorme e embaraçosos soluços. — Sinto muito.
Nathan me abraça em um aperto de ferro. — Nunca mais faça isso de novo.
Eu estou tremendo. — Não vou. Sinto muito.
— Falaremos sobre isso amanhã, Dolores. — Nathan me leva até lá em
cima, e Andy está atrás. Estou fechando a porta do meu quarto quando Nathan
diz: — Você está cheirando a maconha. Nós vamos falar sobre isso amanhã
também.
Eu abro minha janela e olho para o céu à noite. — Preciso de sua ajuda.
A lua esta fina, um pedaço de uma meia-lua minguante. Mas ela esta
ouvindo.
São quatro da manhã. Eu não consigo dormir, então eu digo a ela sobre as
minhas últimas vinte e quatro horas. — E eu não sei o que fazer — eu digo. —
Está tudo acontecendo ao mesmo tempo, mas tudo que eu faço parece sererrado. O que eu devo fazer?
A janela de Cricket se abre. Eu procuro meu par de óculos mais próximo
para que eu possa vê-lo. Seu cabelo esta despenteado de dormir, ainda mais alto
do que o habitual, e seus olhos estão semicerrados. — Você ainda conversa com
a lua? — Sua pergunta não é condescendente, é curiosa.
— Bastante tonta, hein?
— Nem um pouco.
— Eu te acordei? Você me ouviu?
— Eu ouvi você falando, mas não ouvi o que você disse.
Deixo escapar um suspiro lento de alívio. Eu preciso ser mais cuidadosa. Não
escapa da minha atenção que é bom saber quando alguém está dizendo a
verdade. — O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto. — É domingo à noite,
você deveria estar no seu dormitório.
Cricket está quieto. Ele está decidindo como responder. Um carro com
músicas de clube passa pela nossa rua, procurando por um estacionamento.
Quando o ruído diminui pela distância, ele diz — Eu queria me certificar que
você estava bem. Eu estava esperando a sua luz acender. Eu caí no sono. — Ele
parece culpado.
— Oh.
— Vou sair cedo esta manhã. — Cricket procura em seu quarto um relógio.
Ele suspira. — Em duas horas, na verdade.
— Bem, eu estou aqui. Eu fiz isso. Mal.
Ele olha para mim. É tão intenso que é quase invasivo. Olho para o beco entre
as nossas casas, e um gato de rua está vagando pela pilha de composto de Andy.
— Você não tinha que fazer isso — eu digo.
— Eu provavelmente não deveria. Eu não sou a pessoa certa para você
conversar.
— É por isso que você ligou para Lindsey?
Ele encolhe os ombros, desconfortável. — Você falou com ela? Antes de
sair?
— Yeah. — O gato salta para o nosso caixote de lixo. Ele olha para cima, e
seus olhos assombrados olham para mim através da escuridão. Eu tremo.
— Você esta com frio — Cricket diz. — Você deveria ir para a cama.
— Eu não consigo dormir.
— Você se sente melhor? — Ele pergunta. Max ajudou?
Estou cheia de vergonha. — Eu não sei — eu sussurro.
Estamos em silêncio por vários minutos. Viro a cabeça e assisto a rua, a lua, à
rua. Eu sinto ele me olhar, as estrelas, eu. O vento esta mordendo. Eu quero ir
para dentro, mas eu estou com medo de perder sua companhia. Nossa amizade
está à beira da extinção novamente. Eu não sei o que quero, mas eu sei que eu
não quero perdê-lo.— Cricket?
— Sim?
Eu arrasto meu olhar do céu até encontrar seus olhos. — Você vai voltar para
casa na próxima semana?
Ele os fecha. Eu tenho a estranha sensação de que ele está agradecendo
alguém.
— Sim — ele diz. — Claro.

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