SAMANTHA ESTAVA com a cara péssima. Não. Péééééssima. E o
inusitado aconteceu. Antes mesmo que uma palavra de
explicação fosse
dita, Valentina Barraqueirina voou para cima de Samantha e
começou a
puxar o cabelo dela. Aquela ali gostava de uma briga, hein?
– Gente, que bafo! Até perdi a vontade de ir no banheiro –
comentou
Zeca.
Olhei feio para ele.
– Ah, entendi. Tem que ajudar a separar as moças, né?
– É! – respondi, ríspida.
Zeca e Erick tentaram, sem muito sucesso, separar as duas.
Samantha dava uns tapas barulhentos na Valentina enquanto
seu cabelo
era violentamente puxado.
– Parou agora! Parou! – gritou Erick, com a veia saltando do
pescoço.
Aliás, que pescoço lindo, ô, lá em casa!
– O que vocês estavam fazendo no banheiro? Anda, conta,
Erick! –
pediu a nervosina Valentina.
– Eu estava passando mal!
– Mentira, Samantha! Não tem vodca na festa, botaram água
nas
garrafas de bebida, você tomou suco, sua falsa!
– O quê? – estranhou minha amiga, com os olhos arregalados.
– Não,
eu fiquei tonta mesmo, não pode ser!
– Não ficou, não! Você simplesmente esperou o Erick sair de
perto
de mim pra vir atrás dele com essa desculpa esfarrapada!
Caramba… Samantha era essa pessoa ardilosa mesmo? Cho-ca-da!
– Que horas o Erick veio pro banheiro? – perguntei baixinho
para o
Zeca.
– Pouco depois de você cair com o Dudu. Pelo menos ele viu o
tombo
do século – respondeu o palhaço, matando minha curiosidade.
O clima estava tenso. Muito tenso.
– Valentina! O que está acontecendo? Estou te procurando há
séculos. Tá tudo bem? – Laís estava muito agitada.
– Não, Laís, não tá tudo bem.
– Valentina, a Samantha passou mal e eu ajudei. Foi só isso
– o Erick
insistia.
– Passou mal com suco, Erick? Sério? Você acha que eu caio
nessa?
– Eu não tenho por que mentir pra você!
– Então por que está mentindo? – Valentina estava fazendo um
escândalo.
– Ele não está. Juro que passei mal! – explicou Samantha.
Seria ela uma falsa ou uma menina apaixonada? Ou nenhuma das
duas opções? Eu estava confusa.
– Se não tinha bebida, eu então passei mal com outra coisa,
mas juro
que vomitei. Você acha mesmo que eu ia seduzir alguém
fazendo a
bêbada?
– Acho a sua cara! – Palhacina respondeu na lata.
– Eu também – fez coro Laís.
– Vamos, meu amor. Tá tudo bem agora. – Erick queria
dispersar a
confusão.
– Não me venha com “meu amor”, Erick Senna d’Almeida! Isso
tá
muito mal explicado, eu não ouvi vômito nenhum!
– Eu ouvi, Valentina. E quase vomitei aqui fora – defendi
minha
amiga.
Será que ela era minha amiga mesmo? Ou se aproximou de mim
para
tentar conquistar o Erick, pois tinha visto que o divo era
sempre tão
gentil, educado e querido comigo?! Como diria Zeca… Que
bafo! Mas eu
podia jurar que ouvi barulho de vômito…
– Não vamos discutir aqui, Valentina. A festa é do Orelha e
a gente
não quer estragar o dia dele.
– A gente já tava discutindo na pista! O que mudou? Acho que
estava
no nosso destino discutir hoje à noite! – reagiu ela,
raivosa.
– Vamos lá pra fora. Mas sem gritos, por favor – pediu
Erick, já
conduzindo a namorada pelo braço.
Valentina olhou para trás e, enigmática, soltou as seguintes
frases:
– Eu sei quem você é, Samantha. Eu sei do que você é capaz.
U-a-u! Mil vezes u-a-u! Fala sério! Esse fim de barraco foi
melhor
que a melhor novela mexicana! Zeca e eu ficamos estáticos,
boquiabertos.
– Tô no chão! – comentou Zeca, o exagerado. – Geeeente… Que
babado
foi esse?
– Que vergonha! Que vergonha! – Samantha chorou.
– Não fica assim… Você não tem culpa de nada… – consolei.
– Ou tem? – o Zeca deixou escapulir.
Samantha o encarou com ódio.
– Não acredito que você, Zeca, ache que eu posso ter
inventado uma
situação dessas pra me aproximar do Erick. A Valentina tudo
bem. Mas
você? Que decepção…
– Ué, Samantha. Ficou estranha mesmo essa história. Até
porque
parece que você e o Erick já tiveram um rolo no passado, não
tiveram? –
questionou Zeca.
– Não, a gente nunca teve nada! Nada! – respondeu ela, aos
prantos. –
Eu quero ir embora. Vou ligar pro meu pai pra ele me buscar.
– Ai, Zeca, para. A Samantha já falou que eles não tiveram
nada. E se
ela falou, a gente acredita nela, não é, Zeca? – falei,
cerrando os dentes
para consolar a menina. – E tem mais. O Erick não faria
isso. Ele não
trairia a namorada. Ele é um cara legal – ponderei.
– Tá certo, é verdade. Desculpa, Samantha. Bom, mas agora a
vontade
de ir ao banheiro voltou. Já volto – disse Zeca, entrando
pela porta do
banheiro masculino.
Sozinha com Samantha, dei a mão para ela.
– Quer conversar?
– Quero chorar. Posso? Ou será que vão duvidar do meu choro
também? – ela espetou.
– Ninguém vai duvidar de mais nada, fica tranquila…
E Samantha desatou a chorar por alguns minutos. Eu só
esperei. E
tentei consolar, abraçando-a. Quando ela se acalmou um
pouco, tentei
engatar uma conversa.
Em alguns minutos, o Zeca voltou saltitante.
– Migas! Não acredito que vocês ainda estão aqui! Vamos já
dançar
pra esquecer esse barraco. Adoooooro essa música – falou,
como se
surgisse de uma nuvem de purpurina.
E foi nos puxando endiabrado, já separando nosso abraço e
nos
arrastando para a pista onde todos dançavam “Worth it”, do
Fifth
Harmony, como se não houvesse amanhã.
– Vou lavar meu rosto. Encontro vocês lá.
– Beleza, Samantha. Vem, Tetê!
E Zeca (sempre ele!) me puxou pelo braço.
– Que foiê? Que cara é essa? Ela te contou alguma coisa? –
perguntou
ele, o futriqueiro.
– Não, né?! Tava só chorando, tadinha.
– Sei… Mas essa aí não me engana, não! Mas chega desse
assunto!
Vamos dançar, Tê!
Quando chegamos na pista, Dudu me esperava com um copo de
refrigerante na mão.
– Onde você estava? Peguei pra você, mas já deve estar
quente.
Own… O refri era para mim! Que garoto mais fofo! E eu
pensando no
Erick e em todas as informações que eu tinha acabado de
ouvir.
– Assim que passar outro garçom eu pego um mais gelado pra
você.
– Obrigada…
– Que foi? Você de repente ficou dispersa…
– Nada… É que… – Eu não conseguia tirar os olhos da parte
externa
do salão, onde Valentina e Erick discutiam gesticulando
muito.
Como eu queria ser uma mosca para saber o que estava
acontecendo.
Dudu virou-se para trás:
– Que foi? O casal discutindo tirou sua atenção daqui?
– Mais ou menos… Desculpa… É que acabei de presenciar uma
cena
louca e queria saber o desfecho dela.
– Se quiser ir lá pra fora eu vou com você. – Ele foi
cavalheiro.
– Imagina…
O que eu poderia fazer lá fora? Por que eu queria tanto ir
lá para
fora quando do lado de dentro estava tão bom? Fiquei tão
obcecada com
o Erick – e com a Valentina, confesso – que não dei atenção
para aquele
menino lindo, educado, que falava que nem um senhor de 75
anos, irmão
do meu amigo Davi. E que era um charme. E que me tratava com
tanta
delicadeza… Por que é que a gente é assim?!
– Vamos ficar aqui… Me fala de você. Como foi morar em
Minas?
– Foi bom, só não terminou muito bem. Prefiro falar disso
outro dia.
E você? Me fala de você…
Então eu falei. Pela primeira vez na vida, alguém parecia de
verdade
querer saber de mim. E foi tão bom… Falamos de vida,
estrelas, café com
leite, pudim, cheiro de chuva, música, livros (ele também
leu A culpa é
das estrelas umas mil vezes, olha que máximo!),
antialérgicos, perebas
em geral (sim, perebas), família, caspa (sim, caspa),
espinhas (elas
atazanaram o Dudu uma época da vida, então eu fiquei com
esperança.
Ele até me deu o contato do dermatologista dele), sapato
apertado,
guarda-chuva estampado, carnaval com Netflix, os
intermináveis 90
minutos do futebol… Como o assunto rendia com ele! Nem vi o
tempo
passar. E tampouco me lembrava da existência do casal
Valerick.
– Você devia fazer locução. Sua voz é tão doce – elogiou
Dudu.
Doce?! Minha voz? Que elogio original… Ownnnnn…
– Nossa, que lindo. Obrigada. Nunca ninguém disse isso da
minha
voz.
– Bando de insensíveis. Insensíveis e surdos – brincou ele.
E eu ri como se o Dudu tivesse contado a melhor piada do
mundo.
Alguma coisa acontecia dentro de mim. Alguma coisa qualquer
estranha. Maravilhosamente estranha. Estranhamente
maravilhosa.
– Vocês não vêm? – perguntou Davi, aproximando-se da gente.
– Pra onde? – Dudu e eu perguntamos em coro.
– Cantar parabéns, ué!
– Já?
Caramba! O tempo realmente tinha voado. O Orelha era o
aniversariante mais empolgado do mundo. Cantava animadamente
parabéns para ele mesmo e se deu o primeiro pedaço do bolo.
– Agora vocês se virem! – avisou, antes de voltar para a
pista. – A
festa continua, meu povo! Só cantei parabéns pra velharada
que quer
dormir.
– Velha é a sua avó, menino! – brincou a avó do Orelha, uma
senhora
muito elegante de cabelos loiros.
– Mals aí, vobs! – Orelha se desculpou.
Vobs! Eu ameeeeei vobs!
– Eles foram embora! – anunciou Zeca
– Quem foi embora? – perguntei sem entender direito.
– Como “quem”? O Erick, seu lindo, e a Valentina, sua
horrendina,
que brigaram.
– Brigaram?
– Sim. Valentina jura que Samantha e o Erick ficaram, Tetê.
Ela
estava furiosa. Foi uma discussão... – ele soltou.
– Jura? Cadê a Samantha, aliás?
– Foi embora também. Saiu à francesa, não falou com ninguém.
Gente, mas você não viu nada? O papo com o Dudu tava bom,
né? – ele
perguntou, em um tom bem insinuante.
– Tava… – respondi sorrindo.
– Hum… Tô achando que Erick, seu lindo, perdeu.
– Paraaaa! – bronqueei, dando um tapinha no Zeca.
– Tô pensando em ir daqui a pouco também. O Dudu ofereceu
carona
mais cedo pra gente, e eu já te fiz o favor de aceitar por
nós dois tá? De
nada. Teu bofe dirige, amor! Boy magia com carro tem peso
dois!
– Que horror, Zeca!
Nesse momento, chegou Dudu com um pedaço de bolo para ele e
outro para mim. Ele trouxe bolo para mim! Quase derreti.
Fomos
apreciar a vista enquanto saboreávamos o sensacional bolo
com recheio
de doce de leite e damasco. Massa leve, perfeita, sem
granulado, que eu
odeio, doce sem ser enjoativo. Dos melhores bolos que comi
na vida.
– Bom demais estar aqui com vocês. Mesmo eu me achando o
tiozão
da galera – comentou Dudu.
– Que tiozão? Você tem 18 com cara de 16, garoto louco! –
disse Zeca.
– Viu? Ninguém acredita quando eu digo que você tem 18.
Carinha
de menino. Acho até que pareço mais velho que você – falou
Davi.
– Também não exagera, Davi! – brinquei.
Eu estava tão gaiata e piadista. Que noite incrível!
Na hora de ir embora, fomos até o estacionamento para pegar
o carro,
eu, Zeca, Davi e Dudu. E eu fiquei abismada quando o Dudu
simplesmente abriu a porta do carro para a minha pessoinha!
Sim! Ele
é ESSE tipo de garoto! E me fez sentar na frente, ao lado
dele. Vagalumes
dourados saíram do meu estômago. Ai, que delícia de
sensação! Que
inédita sensação!
Assim que entramos no carro do Dudu, o Davi apagou no banco
de
trás. Dormia e babava como se estivesse na cama. Morro de inveja
de
quem dorme assim, rápido. Morro. Primeiro o Dudu deixou o
Zeca,
depois foi a minha vez. Ele parou na frente do meu prédio e
olhou bem
para mim.
– Foi um prazer conhecer você melhor, Tetê – disse ele.
– O prazer foi meu…
– Espero te ver mais vezes.
– Eu também. A gente vai se ver esta semana. Tenho um
trabalho pra
fazer com seu irmão que tá marcado na sua casa.
– Oba!
Ai, meu Deus!!! Ele disse “oba”!
Apenas sorri. Aos poucos eu começava a aprender que quando
não
temos nada de bom a ser dito é melhor ficarmos calados.
– Boa noite, Dudu – falei sorrindo.
– Não vai me dar um beijo?
Oi? O quê? Como? Quando? Onde? Que pergunta é essa?! Nossa
Senhora dosCupidos Errantes, me ajuda!!! O meu sangue subiu
para a
cabeça e, mesmo com o ar congelante do carro, eu suava toda.
Bunda,
cabeça, nariz, sola dos pés. Que beijo? Esse menino quer me
beijar?
Mas eu sou BV! Completamente BV!
E ele veio para cima de mim! Ai, não! Não! Não tô pronta!
Não sei se
quero! Quero! Não quero! Quero, sim! Ai, que vergonha! Fecho
o olho?
Faço um biquinho com a boca? Abro a boca? Escondo a boca?
Então eu
tapei a boca com uma das mãos. Sim, eu fiz isso e não
gostaria de
desenvolver esse assunto por motivo de… vergonha.
– Que foi?
– O quê? – perguntei, sem disfarçar meu espanto misturado
com
nervosismo, ainda com a boca tapada.
– Por que você colocou a mão na boca? Achou que eu ia te
beijar sem
seu consentimento?
– Você não ia me beijar?
– Eu só queria me despedir. Ainda se despede com dois beijinhos
aqui no Rio, não é?
Tetê, sua anta! Sua louca de pedra! Sua doida varrida!,
gritei
mentalmente. Óóóbvio que ele só queria me dar dois
beijinhos. Só eu,
louca, para achar que aquele projeto de Ashton Kutcher ia
querer
beijar essa boca horrorosa que eu tenho!
– Claro, beijar pra se despedir eu quis dizer… Mas me deu
dor de
dente! – foi o melhor que eu consegui inventar na hora.
– Sério? Quer que eu te leve na farmácia pra comprar um
analgésico?
Ownnnn… Para de ser tão fofo!
– Não, imagina! Obrigada… Tem em casa. Um beijo, tchau –
disparei,
engolindo as palavras e a vergonha e saindo rapidamente do
carro.
Mas não acaba aqui. Não, claro que não. A história é sobre
mim: Tetê,
a garota atolada.
Ao saltar do carro, eu tropecei e caí na calçada (sim, caí
na calçada
de cara no chão), de tão afobada que estava.
Droga! Eu faço tudo errado! Tudo errado! Que ódioooooo!
Dudu saiu do carro rapidamente, deu a volta e logo veio me
acudir.
Coisa lindaaaa!
– Está tudo bem? Você se machucou?
– Não! Tô bem. De repente quebrei um dente, mas ele tava
doendo,
mesmo – fiz piada.
– Você caiu de cara no chão. Vem cá, deixa eu ver – pediu,
aproximando-se de mim e colocando as duas mãos no meu rosto.
Eu conseguia sentir sua respiração. Estávamos literalmente
respirando o ar um do outro.
Eu tremia por dentro.
– Foi só o susto – decretou. – Seu rosto continua lindo e
intacto.
– Obrigada…
– Vai lá. Vou esperar você entrar.
E eu corri para a portaria como a Cinderela corre no baile
antes de
dar meia-noite. A sensação era de que eu estava flutuando.
E de repente eu já estava na sala de casa, e nem sei como
cheguei lá.
Não vi elevador, não vi como abri a porta, não vi mais nada.
Só despertei
do meu transe quando ouvi a voz do meu pai, que me recebeu
com tom
de bronca:
– Tetê! Você demorou!
– Que susto, pai!
– Posso saber por que não ligou? A gente não tinha combinado
que
você me ligaria pra te buscar?
– Mas a gente voltou com o irmão do Davi. Ele tem 18 e
dirige. E não
bebe.
– Tá bem. Mas não faz mais isso! Fiquei preocupado.
– Desculpa… Foi a minha primeira festa, pai…
– Eu sei.
– Dancei e tudo, acredita?
– Você? É mesmo?
– Vou tomar um banho e dormir. Tô morrendo de sono. Boa
noite,
paizinho.
Dei uns passos na direção do banheiro e parei.
– Pai… Me dá um abraço?
– Claro, meu amor…
E a gente ficou um tempão ali abraçadinhos. Abraço esmagado,
abraço gostoso demais da conta… Como há muito tempo eu não
dava nele.
E aquele abraço me lembrou de quando eu era criança e ele me
protegia
dos meus medos, dos perigos, do escuro, e me dava carinho
por motivo
nenhum. Como era bom!
– Segunda eu tenho uma entrevista. Torce para o papai
arrumar
emprego logo? Não quero ser um inútil. E quero te dar uma
vida bacana
de novo, que você tenha um quarto só seu…
– Ô, pai… Eu sei… Mas você tem que parar de apostar. Esse
negócio
de cavalo é tão caído.
– Eu sei, querida. Pode ficar tranquila. Aprendi a lição.
Nunca mais
piso no jóquei – afirmou. – Torce por mim?
– Vai dar certo. Já deu – incentivei. – Te amo, tá?
– Também te amo.
No banho, a água quente caía na minha cabeça e amornava meu
coração.
Que noite! Que noite…
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Atenção: para postar um comentário, escolha Nome/Url. Se quiser insira somente seu nome.
Please, no spoilers!
Expresse-se:
(◕‿◕✿) 。◕‿◕。 ●▽●
⊱✿◕‿◕✿⊰(◡‿◡✿)(◕〝◕) ◑▂◐ ◑0◐
◑︿◐ ◑ω◐ ◑﹏◐ ◑△◐ ◑▽◐ ●▂●
●0● ●︿● ●ω● ●﹏● ●△● ●▽●