— Eu sei. Como se eu algum dia eu fosse atrás dele agora que meu pai quer
que eu o namore.
— Certo… Certo.
Há uma pausa pesada no outro lado da linha. — Lola Nola, por favor, me
diga que você não está pensando em Cricket Bell desse jeito.
— Claro que não estou! — E não estou. Definitivamente não estou.
— Por que ele partiu seu coração. Nós passamos dois bons anos o odiando.
Lembra daquela página de fofoca que você enterrou no meu quintal? E a
cerimônia em que jogamos a garrafa rosa nas ondas de Ocean Beach?
Sim. Eu lembro.
— E o seu namorado? Você se lembra do seu namorado? Max?
Eu franzo as sobrancelhas olhando para sua foto ao lado da minha cama. Sua
foto franze de volta — Aquele que está me deixando para ir viajar.
— Ele não está te deixando. Pare de ser tão rainha do drama, Ned.
Só que ele está. Max anunciou no Brunch, essa manhã que Johnny já tinha
garantido um show no Sul da Califórnia. O milagre é que é para o próximo
sábado, então ele não poderia ir ao nosso próximo brunch, de qualquer jeito.
Então não teve nenhuma necessidade de inventar qualquer desculpa para
cancelá-lo.
— Eu não quero falar mais sobre garotos. — Eu digo. — Podemos em vez
disso só conversar?
Só existe um tipo de programa de televisão em que eu e Lindsey
concordamos: Programas que envolvem resolver crimes usando disfarces legais.
Alias, Pushing Daisies, Charlie‘s Angels, and The Avengers23 são nossos favoritos.
Minha melhor amiga está feliz em concordar, então não falamos de NENHUM
garoto pelo restante do fim de semana. Mas eles estão em minha cabeça.
23 Series de TV
Meu namorado. Cricket. Meu namorado. Cricket.
Como Andy pôde me colocar nessa situação? Como ele pôde colocar uma
família estúpida se sobressaindo assim? E eu estou frustrada por que desde que os
Bells se mudaram de volta para cá, todo evento importante parece acontecer nos
fins de semana. A escola sempre se arrastou, mas nada comparado com agora.
Interminável.
E o trabalho? Esqueça. Eu perco a conta de quantos tickets eu imprimo
errado, refrigerantes errados, salas erradas que eu varro. Até Anna - minha
supervisora de melhor natureza, alguém que eu considero uma de minhas poucas
amigas - finalmente perde a paciência quando eu volto do meu descanso do
jantar, vinte minutos atrasada.
— Onde você esteve? Estou morrendo aqui. — Ela aponta com a cabeça parauma caixa no escritório enrolada enquanto ela dá o troco de alguém e pega o
pedido da pessoa atrás dele.
— Eu sinto muito, perdi a noção do tempo. Tem essa coisa amanhã...
— Você fez isso ontem, também. Você me deixou na mão. Tinha, tipo, 60
pessoas no saguão com essas crianças escandalosas de cabelo ruim, e o projétil
que aquela moça solteira espirrou em toda a minha janela, e foi totalmente de
propósito, e...
— Eu sinto muito, Anna.
Ela levanta a mão em uma frustração apavorada, como se ela não quisesse
mais ouvir, e me sinto terrível. Eu fui a uma loja de café Turco no quarteirão de
baixo para me animar e acabei perdida em meus pensamentos. Não me sinto
animada de jeito nenhum.
Na hora que o turno acaba e Andy me traz para casa, a casa dos Bell está
escura. Cricket veio para casa? Suas cortinas não se moveram. Se ele não
aparecer amanhã eu ficarei aliviada? Ou desapontada?
Eu planejo minha roupa. Se isto vai mesmo acontecer, eu preciso parecer
melhor do que a última vez que o vi, mas eu não posso parecer tão interessante.
Eu não quero encorajá-lo. Eu escolho um top vermelho-e-branco (fofo) com
jeans (chato). Mas pela manhã eu decidi que é uma pena irremediável, e eu
mudo minha camisa duas vezes e minhas calças três vezes.
Eu fico com um similar vestido vermelho-e-branco de alcinhas, que eu fiz na
verdade de uma toalha de piquenique do ultimo 4 de Julho. Eu adiciono um
batom vermelho brilhante e pequenos brincos com formato de formiga para o
tema, e as minhas grandes botas de plataforma pretas, porque caminhada estará
inclusa. Eles são os sapatos mais esportivos que possuo. Eu aliso meu vestido,
ergo minha postura, e desfilo escadas abaixo.
Não tem ninguém.
— Olá?
Sem resposta.
Meus ombros cedem. — Qual é o ponto de se ter uma escada se ninguém
está aqui para ver minha entrada?
Atrás de mim, um meio sem fôlego — oi.
Eu me viro para encontrar Cricket Bell sentado em minha cozinha, e por
alguma razão, sua visão me faz ficar meio sem fôlego, também. — Eu-eu não
sabia que você estava aqui.
Cricket fica parado, quase derrubando sua cadeira num raro momento de
falta de jeito. — Eu estava tomando um pouco de chá. Seus pais estão
carregando o carro. Eles estavam te dando três minutos. — Ele olha para o
relógio. — Você ainda tinha trinta segundos sobrando.
— Oh.
— Foi uma boa entrada — ele diz.Nathan irrompe na sala. — Aí está você! Com vinte segundos de folga. — Ele
me aperta em um abraço, mas rapidamente me solta e me olha de cima a baixo.
— Eu pensei que você tivesse entendido que iríamos para a natureza hoje.
— Ha ha.
— Um vestido? Essas botas? Não acha que deveria trocar isso para algo
menos...
— Não vale à pena brigar. — Andy toca sua cabeça. — Vamos lá. Vamos
embora
Eu o sigo para fora para evitar a reprimida de Nathan. Cricket anda vários
passos atrás de mim. É uma distância cuidadosa.
Eu imagino se ele está olhando para a minha bunda.
PORQUE EU PENSEI NISSO? Agora minha bunda parece COLOSSAL.
Talvez ele esteja olhando para as minhas pernas. Isso é melhor? Ou pior? Eu
quero que ele olhe para mim? Eu seguro a barra de meu vestido quando eu
escalo o banco traseiro e me arrasto até o outro lado. Eu tenho certeza que ele
está olhando para a minha bunda. Ele tem que estar. É enorme, e está logo lá, e é
enorme.
Não. Estou ficando maluca.
Eu olho ao redor, e ele sorri para mim enquanto coloca seu cinto de
segurança. Minhas bochechas ficam quentes.
O QUE TEM DE ERRADO COMIGO?
Como sempre, ele conversa facilmente com meus pais. Quanto mais
relaxadas as pessoas estão, mais tensa eu fico. Nós estamos quase nos
aproximando da Ponte Golden Gate, então estamos dirigindo há… Quinze
minutos? Como pode?
— Lola, você está terrivelmente quieta — Nathan diz. — Você se sente bem?
— É enjôo pela viajem? — Andy pergunta. — Por que você não tem isso há
anos.
— NÓS AINDA NEM ESTAMOS FORA DA CIDADE. NÃO É ENJÔ
OPELA VIAJEM.
Um silêncio chocante.
— Talvez seja enjôo da viagem — eu minto. — Me desculpem. Eu sinto…
Dor de cabeça, também. — Eu não posso acreditar que estou gritando sobre
enjôo a um passo de Cricket Bell.
Respirações profundas. Respire profundamente. Eu ajusto meu vestido, mas o
tecido gruda em minha perna, acidentalmente mostro minha coxa à Cricket.
Dessa vez, eu o pego olhando. Seus dedos estão bagunçando seus braceletes e
elásticos. Nossos olhares se cruzam.
Um elástico arrebenta e é atirado à janela.
O corpo de Cricket diminui em seu assento. — Desculpem! Desculpem.
E eu estou estranhamente aliviada por saber que não sou a única que estápirando.

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