Capítulo 25

Estou tonta. Vendo manchas. Cambaleando. Caminhando ou em ônibus?
Andando ou de ônibus? Estou andando. Sim, vou andar até em casa. Mas então eu
vejo o ônibus e subitamente eu estou no ônibus e estou chorando com todas as
minhas forças. Um hippie com um bigode irônico se move mais para baixo. Um
velho homem com um boné de beisebol franze suas sobrancelhas para mim e
uma mulher em um casaco acolchoado me olha como se na verdade ela
quisesse me dizer alguma coisa. Eu me viro e continuo chorando.
E então eu estou puxando a corda do sinal de parada e estou fora do ônibus,
cambaleando morro acima. Para casa. Parece que alguém está se agarrando ao
meu estômago, meu peito, meu coração. Como se minhas entranhas estivessem
sendo arrancadas de meu corpo e costuradas na minha pele para que eu fosse
ridicularizada pelo mundo.
Como ele pôde? Como ele pôde dizer aquelas coisas?
Como minha vida pôde mudar tão drasticamente e tão rápido? Em um minuto
nós estávamos bem. No seguinte... Oh Deus. Está acabado. Eu quero me arrastar
para a cama e desaparecer. Não quero ver ninguém. Não quero falar com
ninguém. Não quero pensar ou fazer nada.
Max. Abraço meu peito. Não consigo respirar. Entre em casa Dolores. Você
está quase lá.
Estou há duas casas de distância quando eu os vejo. A família Bell. Eles estão
envolvidos em uma calorosa discussão no meio da sua pequena entrada de
carros. O Sr. Bell – alto e esbelto como os gêmeos, mas o cabelo areia – está
balançando sua cabeça e apontando para a rua. A Senhora Bell – menor, mas
com os mesmos cabelos escuros dos gêmeos – está esfregando seus dedos contra
suas têmporas. As costas de Calliope estão viradas para mim, com as mãos em
seus quadris. E Cricket... Ele está olhando diretamente para mim. Ele parece
abalado, sem dúvidas tanto pelo meu aparecimento repentino quanto pelo o
estado em que estou agora. O resto do seu corpo se vira para me encarar, o que
revela outra surpresa.
Tem um bebê em seu colo.
Eu escondo meu rosto em uma cortina de cabelo e corro até as escadas da
minha casa. Os Bells pararam de falar. Eles estão me olhando e ouvindo meu
choro abafado. Eu olho para trás enquanto abro a porta da frente. Alexander está
lá também. O irmão mais velho dos gêmeos. Eu não o vi porque ele está parado
atrás de Cricket, vários centímetros mais baixo.
O bebê. Claro. O bebe de Aleck, Abigail.
Max. Seu nome se choca contra mim como uma chicotada e os Bells são
esquecidos, e eu estou batendo a porta e correndo para meu quarto. Nathan
escuta meus passos batendo e vai atrás de mim. — O que é isso Lola? O que está
havendo, o que aconteceu?Eu tranco minha porta e caio contra ela. Eu desmorono. Nathan está batendo
e gritando perguntas e logo Andy e Norah se juntam a ele. A cauda de Betsy
bate rapidamente contra a porta.
— EU E MAX TERMINAMOS OKAY? DEIXEM-ME EM PAZ. — A última
palavra é cortada conforme minha garganta se bloqueia. Tem um murmúrio
agitado no outro lado. Parece que Norah está afastando meus pais, e eu escuto o
titilar das patas de cachorro de Betsy seguindo todos de volta para baixo.
A sala está quieta.
Estou sozinha agora. Estou realmente sozinha.
Jogo-me na cama, de sapatos e tudo. Como Max pôde ser tão cruel? E como
eu pude ser tão cruel em retorno? Ele está certo. Eu sou uma mentirosa, sou uma
falsa e... Eu não sou especial. Não há nada de especial sobre mim. Eu sou uma
garotinha estúpida em sua cama. Por que minha vida continua voltando a este
momento? Depois de Cricket, dois anos atrás. Depois de Norah, quase dois meses
atrás. E agora, depois de Max. Eu sempre serei a garotinha chorando em sua
cama.
Esse pensamento me faz chorar ainda mais.
— Lola? —Eu não tenho certeza de quanto tempo se passou quando eu escuto
uma fraca voz por fora da minha janela. — Lola? — Mais alto agora. Ele tenta
uma terceira vez, um minuto depois, mas eu não levanto. Quão conveniente
Cricket aparecer agora, quando eu não o vi nas últimas duas semanas. Quando
ele não tem retornado minhas ligações. Quando minha alma está mais triste do
que a tristeza, mais negra do que o preto.
Eu sou uma pessoa ruim.
Não, Max é uma pessoa ruim. Ele é difícil, ele é condescendente, ele está
com ciúmes.
Mas eu sou pior. Eu sou uma criança brincando de se vestir, que não pode
nem mesmo se reconhecer por debaixo de sua própria fantasia.

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