mais chorar. Estou vazia, drenada. E não posso me mover.
Não que eu quisesse me mover.
Porque essa é a coisa sobre depressão. Quando eu a sinto profundamente, eu
não quero deixá-la ir. Torna-se um conforto. Eu quero me esconder sob seu
grande peso e aspirá-la para meus pulmões. Eu quero nutri-la, fazê-la crescer e
cultivá-la. É minha. Eu quero sair com ela, flutuar no sono enrolada em seus
braços e não acordar por um bom tempo.
Eu passei muito tempo na cama essa semana.
Quando se está dormindo, ninguém te pede para fazer nada. Ninguém espera
nada de você. E você não precisa encarar nenhum de seus problemas. Então eu
tenho me arrastado para a escola e tenho me arrastado para o trabalho. E eu
tenho dormido.
Max se foi. E não simplesmente se foi como não sendo mais meu namorado,
mas se foi mesmo. Eu pedi à Lindsey para buscar um livro que eu tinha deixado
em seu apartamento, e seu colega de quarto disse que ele saiu da cidade na terça.
Johnny não disse para onde.
Ele finalmente fugiu. Sem mim. Eu gostaria que não machucasse pensar
sobre ele. E não estou chateada porque queira estar com ele, eu não quero, mas
ele significou tanto para mim e por tanto tempo. Ele era meu futuro. E agora é
nada. Eu dei tudo a ele e agora ele é nada. Ele foi o meu primeiro, o que significa
que eu nunca poderei esquecê-lo, mas eu irei sumir de sua memória. Em breve
eu serei apenas outra em sua cama.
Eu não sabia que era possível odiar e sentir dor por uma pessoa ao mesmo
tempo. Eu pensei que Max e eu ficaríamos juntos para sempre. Ninguém
acreditou em mim. Nós iríamos provar que estavam errados, mas éramos nós os
errados. Ou talvez eu seja a única que estive errada. Será que Max pensou em
mim como sendo para sempre?
Essa pergunta é muito dolorosa, para ser considerada de qualquer maneira.
Meus pais estão preocupados, mas eles têm me deixado em paz para que eu
possa me curar. Como se fosse possível em algum momento me curar de um
coração partido.
É por volta de meia-noite – então não é bem sexta-feira ou completamente
sábado – e a lua está cheia novamente. Tradicionalmente os fazendeiros
chamam a lua cheia de dezembro de Lua Fria ou Lua das Noites Longas. Ambos
parecem apropriados hoje. Eu abri minha janela para absorver melhor sua frieza
e tristeza, mas foi um erro estúpido. Eu estou congelando. E eu tive outro longo
turno no cinema, estou exausta, não consigo encontrar energia para fechá-la.
Mas eu não consigo dormir.
O tecido de seda do meu vestido de Maria Antonieta está solto sobre a minhamesa de costura, cintila com um brilho azul pálido sob a luz da lua. Está quase
pronto. O baile formal de inverno ainda está a um mês e meio de distância, então
ainda havia tempo suficiente.
Mas não importa mais. Eu não vou.
E eu nem me importo de não ter um encontro. É a idéia de aparecer em algo
tão ridículo, é isso que machuca. Max tinha razão. A dança é estúpida. Meus
colegas de classe não se impressionariam pelo meu vestido, eles seriam
impiedosos. Eu não sei por quanto tempo eu fiquei encarando as dobras do tecido
quando uma luz amarela começou a piscar contra a minha janela.
— Lola? — Uma chamada através da noite.
Eu fecho meus olhos. Não consigo falar.
— Eu sei que você está aí. Eu estou entrando, ok?
Eu me enrijeço conforme a madeira do seu closet chega à minha janela. Ele
me chamara uma vez mais no último fim de semana, mas eu fingi que não
estava ouvindo-o. Eu escutei o rangido de seu peso contra o parapeito, e no
momento seguinte ele cai silenciosamente no chão. — Lola? — Cricket está de
joelhos ao lado da minha cama. Eu sinto isso. — Estou aqui — ele cochicha. —
Você pode ou não falar comigo, mas eu estou aqui.
Eu fecho meus olhos com ainda mais força.
— St. Clair me disse o que aconteceu. Com o Max. — Cricket espera que eu
diga alguma coisa. Quando eu fico calada, ele continua. — Eu - eu sinto muito
não ter ligado de volta. Eu estava bravo. Eu falei para Cal sobre aquela noite no
seu quarto, e ela pirou. Ela disse que havia te avisado para ficar longe de mim, e
então nós tivemos uma briga enorme. Eu estava bravo com ela por ter falado
com você pelas minhas costas e com você por não ter me contado. Tipo... Você
não esperava que eu pudesse lidar com isso. Eu estremeço e me enrolo em uma
bola. Por que não digo a ele? Porque eu não queria que ele percebesse que as
acusações dela eram verdade? Porque eu tinha medo de que ele fosse ouvir as
palavras dela e não as minhas? Eu sou uma idiota. Com tanto medo de Calliope
quanto ela de mim.
— Mas já é tarde para isso. — Eu o escuto mudar o peso em seus joelhos,
agitado. — O que eu estava tentando dizer — onde eu queria chegar — é que eu
estive pensando muito sobre tudo, e eu não estou realmente bravo com você. Eu
estou zangado comigo mesmo. Sou eu quem fica escalando sua janela. Sou eu
que não consegue ficar afastado. Todas essas coisas estranhas são minha culpa.
— Cricket. Isso não é sua culpa. — Isso soa como um grasnido.
Ele está em silêncio. Eu abro meus olhos, e ele está me observando. Eu o
observo de volta. — A lua está brilhante hoje — ele diz finalmente.
— Mas está frio. — As lágrimas novamente me encontraram. Elas caem.
Cricket estende a mão e esfrega meu pescoço. Sua mão sobe ao longo da
minha mandíbula e então para minha bochecha. Eu fecho meus olhos sob ainsuportável sensação de seu polegar secando minhas lágrimas. Ele pressiona
gentilmente. Eu viro minha cabeça, e ela se apóia em sua mão. Ele sustenta o
peso por vários minutos.
— Desculpe-me por não te falar que eu havia conversado com Calliope — eu
sussurro.
Ele se afasta, cautelosamente, e eu percebo outra estrela desenhada nas
costas de sua mão. — Eu só estou chateado que ela falou com você primeiro.
Isso não é problema dela.
— Ela só estava preocupada com você. — Conforme as palavras jorram, eu
percebo que acredito nelas. — E ela tem todo direito de estar preocupada. Eu não
sou exatamente uma boa pessoa.
— Isso não é verdade — ele diz. — Por que você diria uma coisa dessas?
— Eu fui uma namorada terrível para Max.
E então uma longa pausa. — Você o amava? — ele pergunta baixinho.
Eu engulo em seco. — Sim.
Cricket parece triste. — E você ainda o ama? — ele pergunta. Mas antes que
eu pudesse responder, ele diz rapidamente — Esqueça, não quero saber. — E de
repente Cricket Bell está na minha cama, seu tronco achatado contra o meu, e
sua pélvis pressionando a minha, seus lábios se movendo para os meus.
Meus sentidos estão explodindo. Eu o desejei por tanto tempo.
E eu preciso esperar um pouco mais.
Coloco minhas mãos entre nossos lábios, bem a tempo. Seus lábios são
macios contra minha palma. Eu lentamente, lentamente os removo. — Não, eu
não amo mais o Max. Mas eu não quero dar a você meu eu quebrado, vazio. Eu
quero que você me tenha quando eu estiver completa, quando puder dar algo a
você em retorno. Eu não tenho muito para dar agora.
Os membros de Cricket estão parados, mas seu peito está batendo com força
contra o meu. — Mas você vai me querer algum dia? Aquele sentimento que
você tinha por mim... Ele também não sumiu?
Nossos corações batem no mesmo ritmo maluco. Estão tocando a mesma
música.
— Ele nunca sumiu — eu respondo.
Cricket fica a noite toda. E mesmo que nós não tenhamos falado mais, e
mesmo que não fazemos nada além de falar, é disso que eu preciso. A calmante
presença de um corpo que eu confio. E quando caímos no sono, dormimos
profundamente.
Na verdade, nós dormimos tão profundamente que não percebemos o sol
nascer.
Nós não ouvimos a cafeteira funcionando lá embaixo.
E nós não ouvimos Nathan até que ele está bem acima de nós.

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