Capítulo 27

Nathan pega Cricket pelos ombros e o joga fora da minha cama. Cricket
engatinha até um canto enquanto eu pego meus óculos. Minha pele está em
chamas.
— Que diabos está acontecendo aqui? Ele se meteu enquanto...? Nathan se
detém. Ele notou a ponte. Ele caminha até Cricket, que se encolhe tão baixo que
ele quase se torna altura de Nathan. — Então você tem escalado para o quarto de
minha filha por quanto tempo agora? Dias? Semanas?
Meses?
Cricket está tão envergonhando que ele mal pode falar. — Não. Oh Deus,
não. Senhor. Sinto muito, senhor.
Andy corre para o quarto, descabelado e frenético. — O que está
acontecendo? Ele vê Cricket encolhido embaixo Nathan. — Oh.
— Faça alguma coisa! Eu digo a Andy. — Ele vai matá—lo!
Flashes de assassinato passam por todo o rosto de Andy, e eu me lembro do
que Max disse tempos atrás, sobre o quão ruim era lidar com dois pais protetores.
Mas ele desaparece, e ele dá um passo hesitante se aproximando de Nathan.
— Querida. Eu quero matá-lo também. Mas vamos falar com Lola em
primeiro lugar. Nathan está terrivelmente quieto. Ele está tão bravo que sua boca
mal se move. — Você. Fora.
Cricket se balança até a janela. Os olhos de Andy aumentam quando vê a
ponte, mas tudo o que ele diz é: — Pela porta da frente Cricket. Pela porta da
frente.
Cricket levanta as duas mãos, e à luz do dia, é a primeira vez que vejo que
ainda há rastros espalhados de tinta azul em suas unhas.
— Eu só quero que vocês saibam que nós não fizemos nada, exceto conversar
e dormir... Dormir, dormir, ele rapidamente acrescenta. Como com os olhos
fechados e mãos para si mesmo como se estivesse sonhando. Sonhos inocentes.
— Eu nunca faria nada pelas costas. Quero dizer, nunca nada desonroso. Quero
dizer...
— Cricket, eu imploro.
Ele olha para mim miseravelmente. — Eu sinto muito. E então vai com toda
pressa para as escadas e sai pela porta da frente. Nathan sai violentamente do
meu quarto e a porta se fecha com um golpe.
Andy fica silencioso por um longo período de tempo. Por fim, ele suspira. —
se importaria de explicar por que havia um rapaz em sua cama esta manhã?
— Nós não fizemos nada. Você tem que acreditar em mim! Ele veio porque
sabia que eu estava triste. Ele só queria se certificar de que estava tudo bem.
— Dolores, é assim que os meninos se aproveitam de meninas. Ou de outros
meninos... Acrescenta. — Eles atacam quando a guarda está baixa, quando você
está se sentindo vulnerável. A implicação me dá raiva. — Cricket nunca iria seaproveitar de mim.
— Ele subiu em sua cama plenamente consciente de que você está sofrendo
por alguém.
— E nós não fizemos nada além de conversar.
Andy cruza os braços. — Há quanto tempo isso está acontecendo?
Eu digo a verdade. Eu quero que ele acredite em mim, para que ele também
acredite que Cricket é inocente. — Houve apenas outra vez. Mas ele não passou a
noite.
Ele fecha os olhos. – Isso foi antes ou depois que você terminou com Max?
Minha cabeça se afunda nos meus ombros. — Antes.
— E você disse ao Max?
Ela cai mais. — Não.
— E isso não faz você se perguntar se havia algo de errado com ele?
Eu estou chorando. — Nós somos amigos, pai.
Andy parece triste quando ele se senta na beira da minha cama. — Lola.
Todo mundo e suas avós sabem que esse garoto está apaixonado por você. Você
sabe que o menino está apaixonado por você. Mas tão errado quanto era para ele
estar aqui, é muito pior que você tenha levado a diante. Você tinha um
namorado. O que você estava pensando? Não se trata alguém assim. Você não
deveria ter tratado qualquer um deles assim.
Eu não sabia que era possível sentir-se pior do que eu já estava.
— Ouça. O olhar no rosto de Andy significa que ele preferia comer vidro a
me dizer o que ele está prestes a dizer. — Eu sei que você está crescendo. E tão
difícil como é, temos que aceitar que existem certas... Coisas que você está
fazendo. Mas você é uma jovem inteligente, e nós já tivemos essa conversa, e eu
sei, desde este momento, que você tomará as decisões certas.
Oh Deus. Eu não posso olhar para ele.
— Mas você tem que entender essa parte é difícil para nós, especialmente
para Nathan. Norah festava com a sua idade quando ela fugiu e ficou grávida.
Mas você pode falar comigo. Eu quero que você fale comigo.
— Okay. — Eu mal posso pronunciar a palavra.
— E eu não quero encontrar um rapaz em seu quarto novamente, você me
ouviu? — Ele espera antes de se levantar. — Tudo bem. Vou falar com Nathan e
ver o que eu posso fazer. Mas nem por um segundo ache que você vai sair dessa
facilmente.
— Eu sei.
Ele caminha até a porta. — Nunca. Mais. Entendeu?
— O que... O que acontece quando eu me casar?
— Vamos comprar um berço. Seu marido pode dormir lá, quando ele vier de
visita.
Eu não posso evitar. Deixo escapar um pequeno sorriso. Ele volta e meabraça.
— Eu não estou brincando — ele diz.
A punição chega à parte da tarde. Estou de castigo até o final de minhas
próximas férias de inverno. Outro mês de castigo. Mas, honestamente, eu não me
importo. É a outra metade da punição, o não-dito é que me faz sentir horrível.
Meus pais já não confiam em mim. Eu tenho que ganhá-la de volta. Durante
todo o dia, eu tento encontrar Cricket em nossas janelas, mas ele nunca vai para
dentro de seu quarto. Próximo das três horas, eu vejo sua silhueta passar
rapidamente pela janela da cozinha, então eu sei que ele ainda está em casa. Por
que ele está me evitando? Ele está envergonhado? Ele está com raiva? Será que
meus pais chamaram seus pais? Eu vou morrer se eles chamaram o Sr. e Sra.
Bell, mas eu não posso perguntar, porque se eles não fizeram, pode dar-lhes a
idéia.
Eu estou naufragando no momento em que a luz do quarto de Cricket se
ascende. É depois das oito. Eu jogo de lado a minha lição de casa de Inglês e
corro para a minha janela, e ele já está na dele. Nós abrimos ao mesmo tempo,
e o ar da noite nublada explode... Num choro.
Cricket está segurando a filha Alecknovamente.
— Sinto muito, ele grita. — Ela não me deixa colocá-la no chão!
— Está tudo bem! — Eu grito de volta.
E então eu percebo alguma coisa. Eu fecho minha janela. Cricket olha
espantado, mas eu seguro um dedo e formo as palavras “um segundo” em meus
lábios. Eu rasgo uma página do meu caderno de espiral e rabisco sobre ela com
um marcador grosso roxo. Eu prendo a mensagem contra a minha janela.
MEUS PAIS! Falamos mais tarde? QUANDO NÃO ESTIVER COM O
BEBÊ!
Ele parece aliviado. E então entra em pânico quando ele bate sua própria
janela. No minuto seguinte está repleta de tensão enquanto esperamos que os
meus pais irrompam em meu quarto. Eles não o fazem. Mas mesmo com as
janelas fechadas, ouço os gritos de Abigail. Cricket a coloca em seu quadril,
implorando com ela, mas seu rosto permanece contorcido de sofrimento.
Onde está Aleck? Ou esposa do Aleck? Eles não deveriam estar cuidando
disso?
Calliope irrompe pela porta de Cricket. Ela leva Abigail dele, e Abigail grita
mais. Ambos os gêmeos estremecem quando Calliope empurra a bebe de volta
para os braços do Cricket. O bebê fica mais calmo, mas ela ainda está chorando.
Calliope olha em minha direção. Ela congela, e eu dou um fraco aceno. Ela
franze a testa.
Cricket vê a sua expressão e diz algo que faz com que ela se vá
impetuosamente. A luz do quarto se ascende um segundo depois. Ele está
voltando para mim, ainda segurando Abigail, quando a Srª. Bell entra. Eu fechoas minhas cortinas. O que está acontecendo por lá, eu não quero que sua mãe
pense que estou espionando ele.
Sento-me de volta embaixo com o meu ensaio cinco de parágrafos para
Inglês, mas não consigo me concentrar. Esse sentimento, familiar nauseante de
culpa. Quando eu vi os Bell em sua entrada na semana passada, eles estavam
claramente angustiados por alguma coisa. E eu nunca perguntei Cricket sobre o
que era. Ele ficou no meu quarto a noite inteira, e eu nem sequer pensei em
perguntar. E ele está sempre preocupado com o que está acontecendo na minha
vida. Eu sou tão egoísta.
Um novo tipo de verdade me bate: Eu não sou digna dele.
Sua luz se apaga, e a escuridão súbita funciona como uma confirmação dos
meus medos. Ele é muito bom para mim. Ele é doce e gentil e honesto. Cricket
Bell tem integridade. E eu não mereço ele. Mas... Eu quero ele de qualquer
maneira.
É possível ganhar alguém? Ele não retorna por quase duas horas. No
momento em que ele está de volta, eu levanto minha janela novamente. Cricket
levanta sua. Esgotamento se estabeleceu entre as suas sobrancelhas, e os ombros
estão caídos. Mesmo uma mecha de seu cabelo tem fracassado em esconder sua
testa. Eu nunca vi o cabelo Cricket caído assim.
— Sinto muito. Sua voz está cansada. Ele a mantém baixa, consciente de que
a ameaça dos pais não passou. — Pela noite passada. Por esta manhã, por esta
noite. Seus pais não vieram, eles? Eu sou um id...
— Pare, por favor. Você não tem que pedir desculpas.
— Eu sei. A nossa regra. Ele está triste.
— Não. Quero dizer, não se desculpe por ontem à noite. Ou esta manhã. Eu
queria você aqui.
Ele levanta a cabeça. Mais uma vez, a intensidade dos seus olhos faz meu
coração gaguejar.
— Eu sou a única que está arrependida — eu continuo. — Eu sabia que algo
estava acontecendo com sua família, e eu não perguntei. Nem sequer passou
pela cabeça.
— Lola. Sua testa aprofunda mais. — Você está passando por um momento
difícil. Eu nunca esperaria que você pensasse em minha família agora. Seria
uma loucura.
Mesmo quando estou errada, ele me coloca como se eu estivesse certa. Eu
não o mereço.
Hesito.
Ganhe ele.
— Então... O que está acontecendo? A menos que você não quer me dizer. Eu
entenderia.
Cricket se inclina os cotovelos contra a sua janela e olha para o céu à noite. Aestrela em sua mão esquerda desapareceu na lavagem, mas ela ainda está lá. Ele
espera tanto tempo para responder que me pergunto se ele me ouviu. Uma névoa
serena baixa à distância. A névoa rasteja até meu quarto, carregando o cheiro de
eucalipto.
— Meu irmão deixou sua mulher na semana passada. Aleck ficou com a
Abby, e vai ficar aqui até ele descobrir o que vai fazer a seguir. Ele não está em
grande forma, por isso estamos meio que cuidando dos dois agora.
— Onde está sua esposa? Por que ele ficou com o bebê?
— Ela ainda está em seu apartamento. Ela está passando por… Uma crise de
estilo de vida.
Eu envolvo meus braços em volta de mim. — O que significa isso? Ela é
lésbica?
— Não. Cricket arranca os olhos do céu para olhar para mim, e vejo que ele
está desconfortável. — Ela é muito mais jovem do que o Aleck. Casaram-se,
quando ela ficou grávida, e agora ela está se rebelando contra isso. Esta nova
vida. Ela fica fora até tarde, festas. No último fim de semana... Meu irmão
descobriu que ela tinha traído ele.
— Eu sinto muito. Penso em Max. Sobre Cricket no meu quarto. — Isso é
terrível.
Ele encolhe os ombros e olha para longe. — É por isso que eu finalmente
voltei. Você sabe, para ajudar.
— Isso significa que você ainda está lutando com Calliope?
— Talvez. Eu não sei. Cricket passa os dedos pelo cabelo escuro, e a parte que
havia caído volta ao lugar. — Às vezes, ela faz as coisas tão difíceis, mais do que
elas deveriam ser. Mas eu acho que estou fazendo a mesma coisa agora.
Eu permito que essa idéia fique no ar, e minha mente retorna ao Max. Ela se
enche com vergonhosas, fantasias sobre o nosso futuro. — Você acha que… A
mulher do Aleckfaz isso porque ela se casou muito jovem?
— Não, eles se casaram equivocados. A única pessoa na minha família que
pensou que duraria foi o Aleck, mas ficou claro que ele não era o único.
O único. Isso não é novo.
— Como você sabia? Que ela não era a única para ele?
Agora ele está olhando para suas mãos, retardando esfregando-as juntas. —
Eles simplesmente não têm isso… Magia natural. Você sabe, nunca pareceu
fácil.
Minha voz fica minúscula. — Você acha que as coisas têm que ser fácil?
Para que elas funcionem?
A cabeça de Cricket se levanta com rapidez, os olhos esbugalhados quando
compreendeu o meu significado. — Não. Quero dizer, sim, mas… Ás vezes há. .
. Circunstâncias atenuantes. Que impeçam que ela seja fácil. Por um tempo. Mas
então as pessoas superam aquelas. . . Circunstâncias. . . E. . .— Então você acredita em segunda chance? Eu mordo meu lábio.
— Segunda, terceira, quarta. O que for preciso. Não importa o tempo que for
preciso. Se a pessoa for a certa, acrescenta.
— E se a pessoa for... Lola?
Desta vez, ele segura meu olhar. — Só se a outra pessoa for Cricket.

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