Capítulo 3

Minha supervisora esta reorganizando os saleiros, Ela o faz com uma
freqüência alarmante.
O cinema está calmo essa noite, durante a seção entre os filmes, e estou
aproveitando a oportunidade para tirar o cheiro de pipoca e manteiga dos meus
cabelos e braços.
— Tente com isto. — Ela me entrega uma toalhinha úmida. – Funciona
melhor do que guardanapo.
Eu aceito com uma genuína gratidão. Apesar de sua neurose Anna é minha
companheira de trabalho favorita. Ela um pouco mais velha que eu, e muito
bonita e acabou de começar a escola de cinema. Tem um sorriso alegre com um
pouco de espaço entre seus dentes da frente. E um traço único de platina em seus
cabelos de cor marrom escuro.
É um bom toque. Alem disso, ela sempre usa um colar com perolas de vidro
em formato de bananas.
Admiro alguém com uma fixação firme.
— De onde diabos vêm isso. — Pergunta a única outra pessoa atrás do
balcão, ou mais precisamente na parte superior do bar, onde seu ridículo e
atraente noivo - com sotaque inglês - fica.
Ele é outra coisa que gosto em Anna, aonde quer que ela vá, ele a segue. Ele
inclina a cabeça para minha toalhinha de bebe. — O que mais você leva em sua
bolsa? Roupas para os pobres? Mobiliário polonês?
— Tenha cuidado. — ela diz. — Ou vou esfregar seus braços Etienne.
Ele lhe da um sorriso.
— Contanto que o faça em privado.
Anna é a única pessoa que o chama pelo seu nome. O restante de nós o
chamamos por seu apelido. St Clair. Não estou bem certa do por que. É só mais
uma dessas coisas.
Mudaram-se para cá faz pouco tempo, mas se conheceram ano passado em
Paris, onde foram a escola secundaria. Paris. Mataria para ir a uma escola em
Paris, principalmente se tivesse garotos como Etienne St Clair por lá.
Não é que eu enganaria Max. Só estou dizendo.
St Clair tem charmosos olhos marrons e cabelos despenteados de artista.
Apesar de que é um pouco baixo para meu gosto, vários centímetros mais baixo
que sua noiva.
Ele freqüenta a universidade de Berkeley, mas apesar de seu desempenho,
ele passa tanto tempo aqui no cinema como o faz através da baía. E já que é
charmoso, arrogante e seguro, todo mundo o ama. Só é preciso uma questão de
horas para que ele pule para a área dos empregados, sem nenhuma queixa por
parte da administração.
Este tipo de carisma é impressionante. Mas isso não quer dizer que queroouvir sobre suas esfregadas particulares.
— Meu turno acaba em meia hora. Por favor, esperem até que eu tenha
saído das instalações para continuarem com esta conversa.
Anna sorri para St. Clair que está retirando sua enorme insígnia de:
PERGUNTE-ME SOBRE NOSSO CLUBE DE CINÉFILOS. De seu jaleco
marrom.
— Lola só esta com inveja. Está tendo problemas com Max de novo.
Ele me olha, e seu sorriso se torna irônico. — O que te disse sobre os
músicos?Esse tipo de garoto malvado, que só vai quebrar seu coração.
— Só são maus porque são chatos. — Murmura St. Clair, ele aperta os botões
de sua própria roupa, esta fabulosa jaqueta preta, que lhe dar um ar muito
europeu, de fato.
— O fato de que em outros tempos vocês tiveram problemas com outro
alguém? — digo. — Não quer dizer que eu os tenha. Max e eu estamos bem.
Não, não faça isso. — Digo a St.Clair. — Esta arruinando um ótimo casaco.
— Sinto muito, você o quer? Poderia criar sua própria coleção. — Assinala
com um gesto para o meu próprio jaleco marrom. No meio dos botões de
requerimento de cinema, eu coloquei vários broches brilhantes vintage. Só um
administrador se queixou até agora, mas como eu amavelmente lhe expliquei
minhas jóias só atraem mais atenção para seus anúncios. Ele não falou mais
nada.
E por sorte, nada tem dito sobre o mesmo jaleco que eu peguei, realmente o
ajustando e cortando as mangas. Você sabe. Para ser um jaleco de poliéster.
Meu telefone vibra em meu bolso.
— Espera um instante. — digo a St Clair.
E uma mensagem de Lindsey Lim: Não acreditara em quem vi correndo no
parque. Prepare-se.
— Lola. — Anna se balança para me pegar, mas eu não estou caindo. Estou
caindo? Sua mão esta em meu braço, me sustentando em posição vertical. — O
que houve? Qual é o problema?
Sem duvida, Lindsey viu Calliope. Calliope estava se exercitando no parque
como parte de seu treinamento. Naturalmente era Calliope. Sob a outra
possibilidade, respiro fundo e fortemente, mas novamente. Este parasita cresce
dentro de mim. Nunca desaparece, não importa quantas vezes o diga para
esquecê-lo. É passado, e nada pode mudar o passado. Contudo cresce ao mesmo
tempo. Devido à tão terrível como é pensar em Calliope Bell, não é nada
comparado à dor que me oprime quando penso em seu irmão gêmeo.
Que vem a ser um estudante de ultimo ano, este ano. O que significa que
apesar da apresentação desta manhã não a razão pela qual seu irmão não esteja
aqui. O melhor que eu posso esperar é algum tipo de atraso. Necessito deste
tempo para me preparar.Mandei para Lindsey uma nova mensagem de texto com um simples sinal de
interrogação. Por favor, por favor, por favor , peço ao universo. Por favor, que
seja calliope.
— É o Max? — Anna pergunta. — Seus pais? O meu Deus é o cara do filme
de ontem não? É o louco com um telefone gigante e o cubo de carne de frango!
Como ele descobriu seu nome...
— Não é ele. — Mas não posso explicar. Não agora. — Tudo está bem.
Anna e St Clair compartilham olhares idênticos de incredulidade.
— É Betsy. Minha cachorra. Andy disse que ela parece doente, mas estou
certa de que é algum problema... — Meu celular vibra de novo, estive prestes a
deixá-lo cair na minha ânsia de ler a nova mensagem de texto: Calliope. A
investigação revela um novo treinador. Ela esta de volta.
— É boa? — St Clair pergunta.
Calliope. Graças a Deus! CALLIOPE. Olho para meus amigos — O que?
— Batsy . — dizem entre si.
— Oh. Sim. — Lhes dou um sorriso de alivio. — Alarme falso. Ela acaba de
vomitar um sapato.
— Um sapato? — pergunta St Clair.
— Amiga. — Anna diz. — Você me assustou, precisa ir para casa?
— Podemos fechar, se precisar ir. — adiciona St Clair como se trabalhasse
aqui. Sem duvida só quer que eu vá, para poder colocar sua língua, na boca de
sua noiva.
Caminho para longe até a maquina de pipoca, envergonhada por ter feito
uma exibição publica. — Batsy esta bem. Contudo, obrigada. — adiciono
enquanto meu celular vibra outra vez: Esta bem?
Sim. A vi esta manha.
POR QUE NÃO ME DISSE?
Ia te falar depois do trabalho, não a viu...?
Não. Mas estou procurando. Ligarei às 18h. Ned.
Lindsey Lim imagina a si mesma como um detetive. Isto se deve a sua
obsessão de toda vida por mistérios, desde que recebeu o quite da Nancy Drew -
O segredo do velho relógio através da porta da fazenda de Red. - No seu oitavo
aniversario.
Por tanto eu sou “Ned”. Ela me apelidou de Bess, a amiga feliz de Nancy que
flerta com todo mundo, mas eu não estava feliz com esse apelido, por que Bess
está sempre dizendo a Nancy que a situação é muito perigosa e que ela deve se
dar por vencida.
“Que tipo de amigo diz isso?”
E definitivamente eu não sou George, outra melhor amiga de Nancy, porque
George é uma garota pouco feminina e atlética, com um nariz arrebitado.
George nunca usaria um vestido tipo Maria Antonieta, e botas de combate com
plataforma. Para seu baile de inverno. Então só sobrou Ned Nickerson. Onamorado de Nancy. Ned é realmente útil e com freqüência vê Nancy em
situações potencialmente mortais. Posso trabalhar com isso, mesmo que seja um
garoto.
Fico imaginando Lindsey parada na frente de seu computador. Sem duvida
indo diretamente aos sites de fãs de patinação artísticas, por isso descobriu sobre
o novo treinador. Embora eu não me surpreendesse se ela fosse caminhando ate
Calliope. Lindsey não se deixa intimidar facilmente, visto que será uma grande
detetive no futuro. É racional, franca e honesta.
Neste sentido nos balanceamos.
Temos sido melhores amigas desde, Bueno... Desde que os Bells deixaram de
ser meus melhores amigos. Quando entrei no jardim da infância, e me dei conta
de que não era genial sair com a garota da porta ao lado, o que só aconteceu um
dia e meio na escola.
Mas essa parte da nossa historia não é tão dura como parece. Porque logo
conheci Lindsey, e descobrimos nossa paixão mutua por escalas, os lápis de cor
verde, biscoitos e bolos com a forma de arvores de natal.
E depois quando nossos companheiros começaram a me provocar por levar
tutus e sapatilhas de rubi, Lindsey foi lá e rosnou de volta um: “Deixe ela em paz
seus fedidos com hálito de gambá.” Sou muito leal a ela.
Pergunto-me se ela poderá averiguar sobre o outro Bell.
— Perdão. — St Clair diz.
— Hum? — Me viro e dou de cara com ele e Anna me dando outra olhada
rara.
— Disse algo sobre um sino.
Anna balança a cabeça. — Esta realmente bem? Tem estado muito distraída
esta noite.
— Estou ótima. De verdade. — Quantas vezes terei que mentir hoje?
Ofereço-me como voluntaria para limpar os banheiros do quarto piso para parar
de me incriminar. Mais tarde quando Andy aparece para me levar para casa.
Meus pais não gostam que eu pegue ônibus tão tarde da noite. Seus olhos me
miram com a mesma preocupação.
— Está bem Loladoodle?
Eu jogo minha bolsa no chão. — Por que todos me perguntam isso?
— Talvez por que te vêem... — Andy se detem, mudando sua expressão a
uma esperança mal disfarçada. — Você e Max terminaram?
— Papai.
Ele da de ombro, mas seu pomo de adão sobe e desce em sua garganta, um
sinal claro de que ele se sente culpado de perguntar, talvez haja esperança para
Max e meus pais depois de tudo. Ou ao menos Max e Andy. Andy é sempre o
primeiro a amolecer em situações difíceis.
Que por certo não o faz a “A mulher da relação.” Nada me irrita mais do quealguém achar que um de meus pais e menos... Pai.
Sim. Andy assa para ganhar a vida, ficou em casa para me criar. E é bom
falando de sentimentos. Mas também conserta as tomadas elétricas, ductos
descobertos da cozinha, esmaga as baratas e também muda os pneus. Nathan
pode ser que seja um residente disciplinado e um rígido advogado, mas também
decora a casa com antiguidades e se debulha em lagrimas quando vemos
casamentos nas comedias românticas.
Assim que nenhum é “a mulher”. Os dois são homens homossexuais.
Duh.
E também, não é como se todas as mulheres coubessem nesses estereótipos
tão pouco.
— E... Por nossos vizinhos? — A voz de Andy é curiosa. Ele sabe que sim,
que se trata de nossos vizinhos, mas não vou falar.
— Não é nada demais papai, foi apenas um dia longo.
Voltamos para casa em silencio. Começo a tremer quando saio do carro, mas
não é devido à queda de temperatura. Me pego olhando a varanda vitoriana, e a
janela do quarto do outro lado do meu. Não há nenhuma luz acesa. O frio que
agarra meu coração se afrouxa, mas não o solta. Tenho que olhar dentro dessa
casa. A adrenalina surge através de mim e salto as escadas para a casa e depois
subo o outro lance de escada.
— Hey ! — Nathan me chama. — Não tem um abraço para teu querido e
velho pai?
Andy lhe fala em voz baixa. Agora que estou na porta do meu quarto tenho
medo de entrar. Qual é o absurdo. Sou uma pessoa valente. Por que deveria ter
medo de uma janela?
Mas faço uma pausa para me assegurar que Nathan não esta vindo. O que
seja que me espere no outro lado, não quero interrupções.
Ele não vem. Andy deve ter dito para ele me deixar em paz. Bom.
Abro minha porta com uma falsa confiança. Alcanço o interruptor de luz,
mas mudo de opinião e decido entrar ao estilo Lindsey Lim. Me arrasto adiante
nas sombras. As filas de casas de cor pastel nesta cidade estão tão alinhadas que
a outra janela se alinha perfeitamente com a minha, é só alguns poucos metros
de distancia.
Olho através da escuridão e procuro pela casa.
Não há cortinas na janela. Forço os olhos, mas ate onde posso dizer o quarto
esta... Vazio. Não há nada ali. Olho para direita, o quarto de Calliope. Caixas.
Olho para a cozinha. Caixas. Olho para frente de novo.
Sem gêmeos.
SEM GEMEOS.
Todo meu corpo relaxa. Eu ligo a luz e logo coloco uma musica. - A suposta
banda de Max. - e aumento o volume. Alto. Jogo minhas sapatilhas para amontanha de sapatos que bloqueiam o armário e puxo minha peruca. Balanço
meu cabelo e tiro meu jaleco de trabalho. A estúpida camisa de manga curta que
me fazem vestir e a calça preta e chata segue o jaleco ao sair. A parte de baixo
de meu pijama de seda chinesa vem depois. E coloco a parte superior
correspondente. Sinto-me como eu outra vez.
Eu olho a janela vazia.
Oh sim. Definitivamente me sinto como eu outra vez.
As musicas do Amphetamy ne toca nos alto-falantes e deslizo ate meu celular.
Vou ligar para Lindsey em primeiro lugar. E depois para Max para que eu possa
me desculpar por ter minha cabeça no espaço no jardim. O melhor eu tenho a
manha livre amanhã. Não tenho que trabalhar ate as duas, poderíamos ir tomar
café, nos nossos próprios termos. Ou talvez poderíamos dizer, que íamos tomar
café da manhã, mas na realidade poderíamos ir a seu apartamento.
Meus olhos se fecham, pulo e movo minhas pernas de acordo com a batida
da bateria.
Giro em círculos, rio e balanço meu corpo. A voz de Max está com raiva,
suas letras cheias de sarcasmo. A energia de sua guitarra cresce e cresce e o
dedilhar do baixo passa através de mim como sangue. Sou invencível.
E logo abro os olhos.
Cricket Bell sorri.
— Ola, Lola.

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